O Filho Eterno - Cristovão Tezza


Título: O Filho Eterno
Autor: Cristóvão Tezza
Páginas: 222
Editora: Record

Olá pessoas do mundo inteiro!
O livro de hoje tem uma carga emocional daquelas, então se preparem.

SINOPSE: O nascimento de um filho como momento de ruptura na vida de um casal. Uma criança desejada, mas diferente. Nas palavras do pai, na tímida tentativa de explicar para os conhecidos, nos primeiros meses, uma criança com um "pequeno problema. Ele tem mongolismo." De início, o estranhamento, e o pai assume que a urgência não é resolver o tal problema da criança - haveria algo a ser resolvido? -, mas o espaço que o filho ocupará na própria vida.

    E a criança ocupa, ocupará pelo resto da vida. Num livro corajoso, Cristovão Tezza expõe as dificuldades, inúmeras, e as saborosas pequenas vitórias de criar um filho com síndrome de Down. O périplo por clínicas e consultórios médicos numa época em que o assunto não era tão estudado e ainda tinha o véu do misticismo e a tensa relação inicial com a mulher.


"Por que se preocupar? Refugiado na verdade cristalina de que seu filho não viveria muito [...] O mundo parece que se reorganizou inteiro. Ele sempre foi um homem otimista. [...] Tudo que tenho é um filho recém-nascido que deve morrer em breve. Mas esse, mas essa morte próxima, esse [...] Mas esse fato, essa morte anunciada, parecia-lhe, nesse momento, o único lado bom da sua vida." 
   Eu comecei a ler esse livro já tem umas boas semanas mas tinha parado. Sei lá, estava em uma ressaca literária daquelas e acabei abandonando o livro. Porém, durante essa semana eu vi ele lá parado na estante e resolvi retomar a leitura. O Filho Eterno começa com nosso protagonista na sala de espera do hospital. Ele está a espera de seu primeiro filho. Mesmo o anúncio do médico não o tira da plena certeza de como o bebê será. Ele já até imagina como ele vai ser aos cinco anos. Igualzinho a ele, saudável, uma criança comum. 
"Será um pai excelente, ele tem certeza: fará de seu filho a arena de sua visão de mundo [...] O filho será a prova definitiva das minhas qualidades, quase chega a dizer em voz alta”
   O protagonista é um aspirante á escritor de 28 anos, com algumas coisas publicadas mas nada de muito sucesso. Ainda não terminou a faculdade de Letras, que despreza, e é sustentado por sua mulher. Agora teria de se adaptar a idéia de ter um filho. Mais do que isso, a idéia de ter um filho com sindrome de Down.
   O livro é narrado em terceira pessoa mas mesmo assim me chamou atenção o caráter autobiografico. O autor, Cristovão Tezza, nega essa afirmação, mas não dá pra deixar de perceber caractersíticas em comum entre o protagonista e o autor. Outro ponto que chama a atenção é o fato dos personagens não terem nome próprio. São sempre chamados de "pai", "mãe", "irmã". A não ser Felipe, a criança.



   Quando comecei a leitura já tinha a idéia de que Felipe seria rejeitado. Mas mesmo assim isso não me preparou para o choque que algumas parte do livro causaram. Depois que é anunciado que a criança sofria de síndrome de Down, o pai é tomado por pensamentos egoístas e um desejo imenso de que o bebê tivesse complicações e morresse. Ele acredita que só depois da morte do filho ele poderia continuar sua vida. Como se aquilo, o filho, nunca tivesse acontecido. O que felizmente não acontece.

"Em poucos minutos – ele não havia pensado naquilo ainda, mas era o que estava acontecendo – aquela criança horrível já ocupava todos os poros de sua vida”
   Durante boa parte da história o pai se nega a aceitar seu filho como ele é. Ele aceita a doença e etc, mas ainda assim quer sempre moldar Felipe de acordo com seus padrões. Algumas partes também mostram a juventude do protagonista. Fazendo parte de uma companhia de teatro e a vida de imigrante na Alemanha.
   O Filho Eterno tem uma carga emocional muito, muito forte. Sempre imaginei que um filho, ainda mais planejado, fosse motivo de alegria imensa de um casal. Mas o que podemos ver é um ser humano mesquinho e egoísta que só pensa em seu próprio bem estar. 
   Porém, com o passar das 224 páginas podemos ter uma visão do amadurecimento do protagonista. Ele passa a amar o filho e aceitá-lo assim do jeito que é.
   Isso é tudo, pessoal! Algumas partes do livro se tornaram um pouco maçantes pelo grandíssimo número de detalhes e devaneios filosóficos do autor. Mas nada muito fora do normal. É um livro bom, que nos leva a refletir sobre a vida, as pessoas ao nosso redor, e como a síndrome de Down era vista naquela época. 
                                    

Até mais!

3 comentários:

  1. Ótima resenha...o livro parece uma grande lição.

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  2. Olá!
    Esses livros que nos fazem refletir sempre me deixam bem pensativo! Ótima resenha...
    Abraço!

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